sábado, 5 de junho de 2010

Dia Mundial do Ambiente - sem razões para comemorar

Hoje é o Dia Mundial do Ambiente. Por esse mundo fora, é data de comemoração, de iniciativas e de lembrar a nossa casa comum.

Mas este ano, não consigo encontrar motivo para comemorar. Sei que as há, só que hoje tenho um filtro no pensamento que me mostra apenas as razões para não comemorar.

Não, hoje não consigo comemorar o Dia Mundial do Ambiente.


Não depois do fracasso da Cimeira de Copenhaga sobre as Alterações Climáticas.

Não depois do esmorecer desanimado das populações após uma onda de activismo mundial contra as alterações climáticas.

Não depois de uma acção única, empenhada e exemplar como o Movimento Limpar Portugal, quando o lixo volta a aparecer nas florestas a uma velocidade espantosa.

Não durante um ano que, apesar de dedicado à biodiversidade, um presidente da Comissão Europeia nos trai e abre as portas da Europa de par em par à entrada de alimentos geneticamente modificados.

Não num ano dedicado à pobreza em que as ajudas financeiras são dadas a bancos geridas por gente podre de rica e quando o fosso entre ricos e pobres cada vez se alarga mais.

Não depois de mais de um ano com grande parte do meu tempo livre dedicado a este blogue, quando constato que a maioria das pessoas que me são mais próximas nunca cá vem fazer uma visita.

E sobretudo, não durante a ocorrência de uma das maiores catástrofes ambientais de sempre: o derramamento de dezenas a centenas de milhões de litros de petróleo no Golfo do México.

Sei que é tarde demais para ser pessimista, mas hoje, perdoem-me o mau humor. Ou arranjem-me cem razões para comemorar. Entretanto, prometo que isto me passa (acreditem, que eu não sou da política).

11 comentários:

  1. Como seguidor assíduo do blog (embora não muito participativo nos comentários), aproveito para deixar um comentário de motivação extra para que continues essa "luta" por um Mundo melhor!!
    Não é nada fácil mas a VERDE esperança é a última a morrer!! :D

    Obrigado pelo teu magnífico blog!

    ResponderEliminar
  2. O seu mau-humor é perfeitamente desculpável porque ele traduz apenas uma realidade tão negativa para todos nós que não lhe podemos ficar indiferente.
    Não podemos, no entanto, deixar de fazer a nossa pequena parte todos os dias. A sua não é pequena pois este blogue, pelos assuntos que aborda e pelos seguidores que já tem, fará com certeza alguma diferença. Ora aí tem uma primeira razão. :)

    ResponderEliminar
  3. Estou consigo, Manuela e percebo quando lamenta que a maioria das pessoas que lhe são próximas não se interessam.
    Este é o blogue que eu recomendo a todas as pessoas que conheço. Espero que continue por muito tempo porque é extremamente necessário pela variada informação prestada.
    Obrigada Manuela pela sua dedicação.

    ResponderEliminar
  4. Nelson, Analima e Ana Teresa

    Nem imaginam como agradeço as vossas palavras solidárias e gentis. Confesso que evito demonstrar publicamente o pessimismo que por vezes me assola ao ver este mundo numa caminhada galopante para o colapso. Prefiro encarar com optimismo, porque bem sei que o pessimismo é uma atitude negativa que não ajuda a nada, antes pelo contrário. Mas por vezes, desabafar faz bem, e a vossa ajuda sem dúvida que foi preciosa.

    Um grande abraço e muito obrigada.

    ResponderEliminar
  5. Olá Manuela, como blogueiro te entendo perfeitamente. Sei como é frustante não ter a resposta que esperamos do nosso trabalho; é chato também perceber que falhamos com as pessoas mais próximas em trazê-los para as nossas discussões, e até na superficialidade daqueles que nos visitam.
    Então, estar enraivada faz parte. Afinal, todos temos esses altos e baixos. Entretanto, é a reviravolta que nos traz de volta ao trabalho e nos inspira a promover mudanças. Acho que temos, cada vez mais, de tentar envolver as pessoas e fazê-las mais conscientes de seus atos. Pude presenciar um pouco do que pensam os europeus sobre estas questões e vi que há bastante interesse - muito mais que no Brasil - em manter uma sociedade verde. Não vejo muito Portugal nessa luta de pressão ao governo, de jovens idealizando ações locais, etc... Aliás, faltam jovens em portugal, não é?
    Me alonguei demais. Isso vai passar, e estaremos aqui novamente fazendo nosso trabalho. Não podemos desanimar.
    E conte comigo para o que precisar.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  6. Olá Diego

    Acho que tem razão no que diz. Nem parece ter apenas 20 anos, tal a maturidade do seu discurso.
    Tem razão que em Portugal se calhar há poucos jovens, mas não menos (em percentagem) que no resto da Europa.
    Só que estão mais desligados. Eu penso que é por causa da política: a política tem sido tão má em Portugal nos últimos 20 anos, que as muitas pessoas e sobretudo os jovens lhe viraram literalmente as costas. E ao desinteressar-se da política, desinteressaram-se também da participação cívica. Eu não sou jovem, mas também fui uma dessas pessoas que viraram as costas à política, porque o jogo que se joga lá dentro é demasiado sujo para o meu gosto.

    O pior, é que quando as pessoas com princípios morais voltam as costas à política, ela fica entregue a quem? Pois... mea culpa...

    Resta-me a esperança num novo candidato à Presidência da República, o Dr Fernando Nobre, médico que fundou a Assistência Médica Internacional (AMI) e que tem dedicado a vida à Assistência Humanitária, e que considera as questões sociais e ambientais como prioridades.
    Embora Portugal não seja um regime presidencialista, ou seja, o Presidente da República não Governa, pode se que ajude a moralizar a política.

    Muitos Parabéns ao Brasil por ter tantos jovens empenhados na construção dum mundo melhor. Dá para notar só na blogosfera!

    E muito obrigada pelo comentário e apoio! E eu não desanimo (já prometi).

    Um abraço

    ResponderEliminar
  7. Por momentos pensei que me tinha enganado e que estava a ler o blogue "O Tempo Chegou... de Abrir A Caixa de Pandora".. depois vi que não!!!
    Um dos problemas é precisamente este: Dias de tudo e de mais alguma coisa... hoje significam basicamente: FESTAS, CONSUMO E DISCURSOS OCOS!
    Basta ler e/ou ouvir os discursos de anos anteriores para nos darmos conta de que afinal foram palavras que o tufão levou... pois simplesmente desapareceram.
    A maior dificuldade de fazer passar a mensagem de que é OBRIGATÓRIO mudar advém do facto de as pessoas não sentirem na pele que tudo o que estão a fazer. E o que fazemos hoje, e já fizemos, irá num futuro cada vez mais próximo fazer ricochete e vir direitinho a nós, e quanto nos acertar... vamos ao chão, e seremos colocados no nosso lugar!
    Um exemplo que ilustra bem isto é o do tabaco: Já todas as pessoas sabem que mata... mas fumam! Porquê? Em última análise: Prazer.
    E nós adoramos sentir prazer... nem que para obter prazer destruamos o "nosso" Planeta...

    ResponderEliminar
  8. Olá Voz

    Também tenho os meus dias de mau humor e pessimismo, como vê. São é poucos felizmente, que o pensamento positivo tem a capacidade de levar à acção, o negativo não.

    Acho que a "destruição" do planeta está a dar-se mais por ignorância e inactividade do que para satisfazer prazeres. Claro que para os que ganham muita "massa" como os donos do petróleo, ou outros que exploram as riquezas naturais da Terra, é pelo "prazer" do dinheiro e do poder.

    A questão do tabaco, não é bem assim como diz. A maior parte das pessoas fuma sabendo que faz mal, porque está viciado, não por prazer. Porque se viciou? Bem sabe que foi a campanha de marketing iniciada nos EUA que "criou" uma necessidade, apelando as "status", antes inexistente. Felizmente que as campanhas de "marketing" contra o tabaco também têm funcionado, com a ajuda de umas leis, e o vício está a diminuir.

    ResponderEliminar
  9. Então!!! Está viciado em algo que lhe dá prazer... basta ler os estudos sobre o tabaco... Quanto à destruição do Planeta... É por PRAZER, e pense em PRAZER de forma AMPLA! Não nos deixemos levar demais pela noção da ignorância que, sendo também um factor, assim que é ultrapassado, em pouco modifica o resultado, pois os animais humanos continuam a procurar o PRAZER, empurrando para o cantinho do cérebro a informação que aquilo que está a fazer é prejudicial para o Ecossistema.

    ResponderEliminar
  10. Manuela, há muito tempo que aqui não deixo um comentário, mas face à surpresa do seu pessimismo, quero que saiba que se existir um grupo de pessoas que nos faz acreditar que - ainda - é possível, então a Manuela faz parte desse grupo.

    um abraço,
    Paulo

    ResponderEliminar
  11. Olá Paulo

    Sou muito mais feliz olhando mais tempo para as coisas boas da vida e do mundo, mas às vezes olho demais para as más e apanho dose "aguda".
    É que tem sido muitas notícias más seguidas, e que ainda por cima coincidiram com um período de excesso de trabalho e de stress. E estes "ataques" de pessimismo dão-me de vez em quando e depois passam. Isto já está a passar.

    O seu comentário fez-me bem, e deu-me muita força. Foi um grande elogio, mesmo, muito obrigada :)

    Um grande abraço

    ResponderEliminar

Obrigada por visitar o blogue "Sustentabilidade é Acção"!

Agradeço o seu comentário, mesmo que não venha a ter disponibilidade para responder. Comentários que considere de teor insultuoso ou que nada tenham a ver com o tema do post ou com os temas do blogue, não serão publicados ou serão apagados.