quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Campanha Europeia pelas Sementes Livres

Porque este assunto precisa de ser amplamente divulgado, transcrevo este texto do site GAIA:


Em 2011 a Comissão Europeia vai propor uma nova regulamentação relativa à reprodução e comercialização de sementes, a chamada “Lei das Sementes”. As novas regras, que terão força de lei e sobrepor-se-ão às leis nacionais de cada estado-membro, vão limitar drasticamente a livre circulação de sementes, impedir os agricultores de guardar sementes e ilegalizar todas as variedades de plantas não homologadas, onde se incluem actualmente os muitas milhares de variedades tradicionais, a herança genética vegetal da Europa.

Com esta nova lei, a Comissão Europeia pretende satisfazer os pedidos repetidos da indústria de sementes, que nas últimas décadas assumiu os contornos de um oligopólio, com dez empresas – gigantes da agro-química – a controlarem actualmente metade do mercado mundial das sementes comerciais e a quase totalidade do mercado das sementes transgénicas. A indústria de sementes considera que a prática de guardar sementes e a produção de variedades não registadas constituem concorrência 'desleal'. Ao eliminar esta concorrência, sob pretexto de criar um mercado 'justo' e da protecção da saúde pública, as grandes empresas de sementes abrem caminho para começar a recolher direitos dos 70% de agricultores no mundo que ainda guardam e utilizam as suas próprias sementes.

Durante milhares de anos agricultores pelo mundo fora têm contribuído para a adaptação e melhoramento das plantas para produzir os nossos alimentos. Estas plantas constituem uma fonte insubstituível de recursos genéticos para assegurar o continuado acesso a alimentos, tecidos e medicamentos. A biodiversidade agrícola é um dos pilares da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável e já viu um decréscimo de 50% desde os anos sessenta, com a intensificação da produção agrícola, favorecendo as monoculturas e o uso excessivo de agro-químicos.
A tendência da privatização das sementes, que se iniciou com a autorização de patentes sobre formas de vida, e que a prevista Lei das Sementes vem reforçar, constitui uma ameaça ao nosso património genético comum e à segurança alimentar. Os agricultores deixarão de poder guardar sementes e os criadores independentes deixam de poder melhorar variedades. Por consequência, não haverá nenhum incentivo para preservar variedades tradicionais e o mercado restringir-se-á a um espólio infinitamente mais reduzido de variedades comerciais, onde irão certamente dominar as variedades transgénicas.

Junta-te à Campanha pelas Sementes Livres
Dezenas de milhares de pessoas por toda a Europa estão a pedir activamente que o direito de produzir sementes permaneça nas mãos dos agricultores e horticultores. As sementes de cultivo são um bem comum, criado por acções humanas ao longo de milénios. Devem permanecer no foro público e sob condições algumas entregues para a exploração exclusiva da indústria de sementes.

Ajuda-nos a inverter o rumo da legislação sobre sementes e a apoiar a biodiversidade agrícola e a agricultura tradicional, com informação on e offline, seminários de sensibilização, a dinamização de hortas guardiãs de sementes e feiras de troca de sementes tradicionais, nacionais e internacionais.

Campanha pelas Sementes Livres
colher o futuro, semear a diversidade

Colher para Semear | GAIA | Plataforma Transgénicos Fora
sementeslivres@gaia.org.pt                    

Veja como pode ajudar aqui.

8 comentários:

  1. Chegou-se a este ponto?
    A verdade é que, se não se fizer nada, caminhamos a passos largos para um mundo totalmente formatizado.

    Beijo :)

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  2. Antes de tudo, estou chocado com esta noticia.
    Agora guardar sementes nativas é fazer concorrência desleal?
    O estado de demência que chegamos, é assustador.
    Desde já obrigado por o alerta porque desconhecia o que estes vigaristas andavam a tramar.
    Nos últimos anos tenho estado a juntar o maior numero de sementes nativas, que consigo, e já tenho algumas espécies raras, mas depois de saber disto vou ainda tentar juntar muitas mais, visto que cada vez é mais difícil arranjar sementes, não híbridas.


    Saudações e mais uma vez obrigado por o alerta

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  3. Nossa! Não sabia nada disto! Que bom haver um blog que nos informe destas coisas, pois infelizmente não podemos contar com os nossos canais televisivos para isto, a não ser naqueles programas que passam a altas horas e que só pessoas como eu, aposentadas, podem ver. Não sei quando é que o ser humano vai deixar de pensar só no dinheiro e lucros fáceis e astronómicos. Obrigada pela informação. Beijinhos
    Emília

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  4. Vem mesmo a calhar este post.
    É muito grave apenas propor o que a Comissão Européia pretende, qto mais seguirem em frente com isto.
    Mas...se a maioria não se importar (agir), é o que vai acontecer.
    Já distribuí esta informação e estou a pensar contactar com agricultores e perceber qual o "feedback" deles (esta é a minha veia positiva, eheheh).
    Mas o que me provoca tb arrepios, é o descaramento com que mentem e "nós" deixámos.
    Temos mesmo que nos mexer, porque daqui a um tempo, se não o fizermos, não sobrará nada realmente saudável para a maioria da população comer, aliás, basta hoje mesmo ir aos supermercados para perceber que isto já está a acontecer. Há quem não tenha escapatória...há quem ainda não saiba...
    Mas isto é a minha outra veia negativa/realista.

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  5. Olá Manuela,
    Vou divulgar!!
    É ridículo...

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  6. Mas há razão para rir???
    Não percebi...

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  7. Eu nem tenho palavras que consigam descrever o desalento que sinto por fazer parte de uma Europa que tem uma Comissão que tenta destruir tudo de bom que tem a agricultura...

    Obrigada AC, Carlos, Emília, Ana Teresa, Mab e Voz por deixarem aqui o vosso comentário.

    E obrigada também à Ana Teresa por me ter sugerido este "post".

    Bom fim de semana, e quem puder, guarde e troque sementes das nossas variedades agrícolas tradicionais, para que não se perca um património natural e de biodiversidade importantíssimo!

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