segunda-feira, 21 de março de 2011

Da dura verdade desta economia


"A ciência deste século é uma grandessíssima tola. E como tal, presunçosa e cheia do orgulho dos néscios. "

Sobre a realidade da economia podre que nos domina, deixo aqui para reflexão um texto de Almeida Garrett, extraído do livro "Viagens na Minha Terra" (publicado pela primeira vez  em 1846), e um vídeo sobre as políticas económicas aplicadas na União Europeia:  "O grande casino europeu". Este vídeo foi  realizado por La Antena SCV,  produzido por "Enlazando Alternativas" e divulgado pelo movimento ATTAC, um movimento global contra as actuais políticas financeiras.

"Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis."
Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra'

5 comentários:

  1. Agradeço ao Helder Gandra por ter publicado este excerto de Almeida Garrett no Facebook

    e à minha querida amiga Maria Martins que me enviou o link para o vídeo por e-mail.

    OBRIGADA Hélder e Maria

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  2. eheheheheh rir para não chorar... o filme é bem demonstrativo e nem tão pouco falta a maldita TV, que divulga o que os poucos querem que se saiba, para que os muitos reajam em conformidade!
    Quanto ao texto, é como se vê... não há volta a dar! já vem de longe... de muito longe, mas como barriga cheia dá moleza... acabou-se o bem bom dos muitos. A Hipnose e a indução da TV resultou! A melhor ARMA de todos os tempos. Agora não há nada a fazer.

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  3. Pois é, Fada, adorei o modo simples e realista como eles explicaram esta economia absolutamente estúpida em que vivemos.
    Quanto ao não há nada a fazer, já sabes que não é o que penso. Se fosse, nem sequer me preocupava em divulgar estas coisas... e ia ver TV :)))
    Acho que está mais perto o tempo da ruptura e da revolução do povo do que aquilo que se imagina. Até nos EUA já se levantam vozes contra as grandes corporações, o que é um bom sinal :)

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  4. Boa Manuela, Começo a ter um bom pipe-line de informação. Graças (também) a si.

    Obrigado

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  5. Olá Rogério

    Obrigada, lá vamos nos ajudando uns aos outros a abrir os olhos a quem quiser :)

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