sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

“É mais rentável o mundo ir para o inferno” (VER)

Extraído do artigo de Helena Oliveira em VER - Valores, Ética e Responsabilidade, sobre sobre a conferência de Davos (Fórum Económico Mundial) no final do passado mês de janeiro:

«É mais rentável o mundo ir para o inferno

A citação é de um dos muitos cientistas que continuam a alertar a comunidade empresarial – e também os governos – para a urgência de se agir contra a desigualdade e minimizar os impactos catastróficos das alterações climáticas. Na agenda em Davos, os principais desafios globais deram o mote a muitas sessões, foram alvo de muita discussão, objecto de inúmeros estudos, mas a percepção generalizada de que é irrealista transformar o sistema, tendo em conta os poderosos interesses das elites, continua a falar mais alto»

Por HELENA OLIVEIRA


«No início do ano, e em antecipação à reunião mundial de líderes em Davos, o Fórum Económico Mundial lançou um relatório sobre os principais riscos globais que assolarão o mundo nos próximos meses (?) e sobre o qual o VER escreveu. A tendência (que não é, de todo, nova) que se posicionou em primeiro lugar neste ranking de problemas que mais afligem e afligirão o planeta foi o agravamento pronunciado da desigualdade em termos de rendimentos (e não só). Dois dias antes do início da famosa conferência, a Oxfam International divulgaria um novo estudo – que também iria dar que falar em Davos – sobre a mesma temática: a desigualdade que está fora do controlo, e que é bem representada pela diferença de percentagens entre o 1% da população cuja riqueza combinada corresponderá à que é detida pelos restantes 99% em 2016. O relatório, intitulado Riqueza: ter tudo e querer ainda mais alerta para a explosão da desigualdade, recordando que uma em cada nove pessoas não tem o suficiente para comer e que mais de mil milhões de seres humanos continuam a viver com menos de 1,25 dólares por dia. O relatório e a diferença abissal entre ambas as percentagens deu origem a muitos protestos, foi partilhado nas redes sociais durante alguns dias e, como já é hábito, perdeu força e visibilidade contra novas temáticas mais suculentas e menos confrangedoras.
...
O estudo já citado da Oxfam prova que, apesar de todas as boas intenções e de tanta conversa sobre o crescimento inclusivo, o sistema vigente está feito exactamente para o oposto: para tornar ainda mais ricos os ricos do planeta. E, como sublinha também Winnie Byanyma, a instabilidade política e violência deveriam conferir razões adicionais para lidarmos com a desigualdade, com a pobreza e a exclusão, e não novas desculpas para não o fazermos.
...
Sublinhando ainda que existe uma minoria de empresas que já tem voz sobre estas questões contra uma maioria que continua a escolher o silêncio, a responsável da ONU corrobora também o que habitualmente se diz da inacção empresarial: o facto de, na sua esmagadora maioria, as empresas não acreditarem – ou não o quererem fazer – que as alterações climáticas poderão ameaçar, a curto prazo, a sua própria sobrevivência, algo que ficou igualmente claro num outro estudo apresentado, pela PricewaterhouseCoopers, o qual revela que o clima não faz parte da lista de prioridades ou de preocupações dos CEOs.

O que, mais uma vez, parece um mau presságio.

“O sistema vigente está feito exactamente para tornar ainda mais ricos os ricos do planeta”»

Fonte e artigo completo em: http://www.ver.pt/e-mais-rentavel-o-mundo-ir-para-o-inferno/

2 comentários:

  1. Ola

    Uma opiniao que sempre tive, embora compreenda agora que talvez um pouco ingénua é que com o fim da guerra fria e a passagem dos anos, os lideres internacionais iriam concentrar-se nos problemas que realmente interessam como os descritos neste artigo. Infelizmente a evoluçao humana nao acompanha a evoluçao do tempo por causa de certas caracteristicas da natureza humana como o gosto pelo poder, pela conquista. Existem ainda lideres politicos e economicos que pensam à maneira antiga sempre numa constante de conflito e força. E por causa disso ao mesmo tempo que os novos problemas nao se resolvem, reaparecem antigos que so vêm dificultar o futuro da humanidade.

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  2. Olá Bruno

    É verdade, disse bem," a evolução humana não acompanha a evolução do tempo", e também digo, infelizmente, a diferença de velocidade é abismal. Acho que já não possível haver melhoras a ponto de travar o colapso civilizacional, pois a ganância de uma minoria que tem o poder económico é demasiado grande e cega. Muitos e muitos já sofrem tantos, e muitos mais irão sofrer por esse mundo fora, e as boas intenções de alguns não chegam, nem de perto. Os governantes continuam na senda do "crescimento", tal como as grandes multinacionais querem, a dar cabo dos recursos e a tornar os pobres cada vez mais pobres. E esses acordos forjados no secretismo,como o TTIP, o CETA ou o TISA são muito mau augúrio.
    Mas a verdade, é que não podemos perder a (ténue) esperança nem desistir.

    Obrigada pela visita

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